terça-feira, 9 de setembro de 2014

Diagnóstico auxiliar

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

A exemplo do cristianismo as demais religiões estão convidadas à resposta frente as necessidades da modernidade. No momento não é interessante que as religiões se fechem em isolamento espiritual, antes, como o cristianismo, deveria se ater às propostas modernas como forma de crescimento e para a autocrítica.

Diferente do que muitos pensam, modernidade não diz respeito apenas às mudanças estruturais, econômicas e sociais, mas uma nova forma de consciência. E se hoje existem uma nova consciência também a uma nova concepção para todas as coisas, dentre as quais se encontram as religiões. O cristianismo foi a primeira grande religião a debater com a modernidade, obtendo com isso um amadurecimento a duras penas, mas sem ser aniquilado do mundo. Da mesma forma, todas as demais religiões universais deveriam observar alguns pontos críticos como:

a- Sabe-se que no islamismo o Alcorão é inspirado literalmente (palavra por palavra) e que o mesmo é infalível. Diante disso, até quando serão sustentadas pelos islâmicos tais concepções uma vez que o Ocidente, devido às pesquisas modernas, constatou que no Alcorão contém muito material de origem posterior e ocasional incluindo uma história muito humana? Como conceber o tradicionalismo religioso do islã frente descobertas do tipo eletricidade, micróbios, satélites e conquista da lua, sabendo que esta última é o símbolo sagrado do islã?

Por que o islã não deveria poder incluir em seu sistema, em sua teologia, hoje estéril, mas altamente evoluída na Idade Média, as modernas conquistas científicas, técnicas, econômicas, culturais, políticas, que não se originaram dele? Em tempos onde a mulher ganha seu “lugar ao sol” como defender o tradicionalismo? E diante da autoridade civil e penal, que a cada dia descarta a autoridade do Alcorão, como subsistir ante este esfacelamento?

b- Grandes religiões como o budismo e hinduísmo, que pregam a cosmovisão cíclica, que pensam em círculo (eterno retorno) estão diante da crise instaurada: Como responder a um mundo que lê sua história de forma dialética na concepção de uma evolução linear? Até onde estas religiões não se passariam por ridículas com suas leis infalíveis do carma e do agir e da recompensa automática?

c- Até onde a teoria do hinduísmo sobre reencarnação e castas seria aceita? Num mundo que hoje se encontra ciente de que as castas, no fim de tudo, só servem para esconder a verdadeira realidade de que tudo pode sofrer mudanças tais concepções podem caducar.

d- Que dizer da concepção monástica que se isola e considera tudo irreal e ilusório se tornando tão passivo que chega a ser dispensável? Num mundo tecnocrático onde laboratórios, computadores, portas automáticas, economia global são uma realidade negar isso tudo é o mesmo que não acreditar no que é considerado irreal por tão latente e palpável que é.

e- Ainda que o neoconfucionismo chinês busque a harmonia dos homens por que ainda há hipervalorização do tradicionalismo, se foi este tradicionalismo o responsável pelos maiores problemas da China no início do século XX?


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