terça-feira, 1 de abril de 2014

001 - Cartão de crédito gospel

Por Carlos Chagas

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Afinal de contas, o que a Igreja tem a ver com empréstimos? Perguntinha capciosa. E são tantas coisas que ainda bem antes da igreja primitiva cristã do NT, no AT já se tratava de religião e empréstimos. E resumindo qual é o grande problema nisso tudo? Os famosos juros.

Nunca foi segredo para ninguém que o grande sentido de se existir o empréstimo foi os juros. Afinal, para que emprestar se não ganharei nada com isso? O problema é que muitos se beneficiaram e ainda se beneficiam com os mesmos. Provas bíblicas se tem aos montes. Trechos bíblicos trabalham na tentativa de se conter os abusos:

"Não tomarás dele nem juros nem ganho" (Lv 25.36-38)

"Não emprestando com usura, e não recebendo mais do que emprestou" (Ez 18.8)

Se no AT, que era uma época em que a moeda corrente eram grãos de cereais e já haviam os que roubavam de outros imagina hoje que existe uma moeda corrente e global? É fato que os trechos estão isolados do contexto mas numa revisão aprofundada será constatado que os empréstimos sem juros eram feitos aos "seus", ou seja, entre os israelitas, dentre os quais a religião conhecida hoje como "judaica" era algo em comum assim como seu Deus. Mas para os de "fora", também chamados de "estranhos", os juros não seguiam regras, ou seja, podiam ser abusivos.

Ao chegar no NT o leitor percebe que Jesus Cristo reelabora uma nova leitura da lei, a qual dá origem aos princípios cristãos. Jesus diz: "E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso?" (Lc 6.34). Resumidamente Jesus mostrou que a religião não serve somente aos de dentro mas mais ainda aos de fora. O meu próximo é mais importante.

Mas ainda sim os empréstimos não foram abolidos por Jesus, todavia mais monitorados com princípios:

"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus" (Mc 10.25)

Perceba que Jesus não disse que um rico não vai para os céus. Entretanto sua entrada é difícil. Por quê? Porque grande parte da riqueza de um rico se dá pela injustiça da economia implacável onde o rico dita e o pobre obedece.

Mas este artigo ainda não chegou onde deseja. O que se quer dizer aqui? Durante a história bíblica se viu uma repetição de erros:

No AT israelitas não cobravam juros entre si, mas dos "estranhos" e Jesus os advertiu.

No NT cristãos não cobravam juros entre si, mas dos "judeus", pois estes eram considerados para eles os "estranhos".

No período pós-bíblico:

A Igreja Católica Romana Medieval se enriqueceu com o Sistema Feudal (e não foi só com este!) cobrando de seu vassalo mais do que o justo não dando chance para o crescimento econômico do mesmo. Surge a Reforma.

Na caminhada, reformadores esquecem seus princípios reformados e praticam na atualidade (agora os evangélicos) algo parecido com que a Igreja Católica Medieval praticava. Não a vassalagem mas com o mesmo ideal. Tornando-se credora a Igreja Evangélica importa para si os princípios econômicos dos bancos atuais e passam a "emprestar" com juros dinheiro aos seus "fiéis" (vítimas?). Com isso o papel da Igreja perde sentido e passa a ter caráter punitivo segundo regras cristãs. Por isso o nascimento da tirinha acima.

Na tirinha não se cita o nome de uma igreja real, apenas um nome fictício. Todavia esta prática já existe e é condenável, ao menos, pelo estudo teológico implícito na Bíblia. Resolvi criar a tirinha cima depois de ler um email em 2012 que dizia que a Igreja Internacional da Graça do missionário R.R. Soares passou a implantar o Heaven Card para ajudar a igreja em suas obras sociais (para ler a notícia em site confiável clique aqui). Como se pode ver o livro de Eclesiastes não erra quando diz que não há nada novo debaixo do sol. Realmente a prática da cobrança de juros ainda persiste no meio cristão através da igreja. Só resta saber se esta igreja ainda é a Igreja ou se já se tornou a tempos uma empresa.

Quanto aos ataque que eu supostamente receberei por julgar tais atos da Igreja Internacional da Graça com mensagens do tipo "não julgueis para não serdes julgados" recomendo aos atacantes de plantão lerem o artigo "Não devemos julgar nosso irmão?" onde falo sobre o assunto.

Essa tira faz parte da sessão "Whatahell???", expressão que quer dizer "Mas que diabos...(é isso?)". Tal sessão é pura crítica em quadrinhos!

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