terça-feira, 2 de abril de 2013

Não é um adeus à esperança

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Não é porque se pula para uma nova concepção que esta será a definitiva na história. Até mesmo os humanismos passaram por transformações ao longo da história. O humanismo clássico, por exemplo, sofreu transformações com Copérnico (a terra não é o centro do cosmo), com Marx (dependência humana das desumanas condições sociais), com Darwin (o homem surgiu da esfera subumana) e com Freud (a consciência do homem nasce de seu subconsciente, ou seja, do irracional). Logo, não só a igreja, mas o humanismo está à mercê de transformações e também há um leque de esperança ante a tais mudanças. 

Humanismo mediante evolução tecnológica? 

Se for feito um estudo sobre a evolução do homem durante sua existência será comprovado que quase 80% de sua existência foi vivendo em cavernas e que só por fim (250 anos) é que o homem veio a experimentar a revolução industrial. Sabe-se que esta foi de grande transformação do homem enquanto ser social. Mas o maior desafio ainda há de vir. Segundo estudiosos a revolução tecnológica é que trará ao homem enormes transformações, não só de vida, mas também no mundo em todos os aspectos. 

O humanismo atual trabalhava com a realidade boa de tal revolução tecnológica, mas somente agora é que se discutem realidades como o esgotamento das fontes minerais, do fim da raça humana, superpopulação, carência de gêneros alimentícios, poluição ambiental, distúrbios sociais, colapso industrial, que no mais tardar poderá ter início no ano 2100. Claro que a catástrofe não virá necessariamente mas, no mínimo, pode vir. 

Segundo a crítica social neomarxista fica claro que o homem está prestes a se submeter com forças que atualmente são consideradas medievais. Parece ser um retorno às práticas rudimentares só por causa do grande e acelerado crescimento industrial e tecnológico. Vejamos algumas características: 

- Uma sociedade mais rica, maior, melhor, dotada de invencível capacidade produtora e nível de vida sempre mais elevado. 

- Mas, simultaneamente, e justo por isso mesmo, uma sociedade de dissipação aperfeiçoada, de produção pacífica de imensos meios de destruição. 

- Um universo tecnológico com a chance de aniquilamento total e, desse modo, um mundo sempre cheio de falhas, de sofrimentos, miséria, necessidades, pobreza, violências e crueldades. 

- Com a libertação, ou melhor, “liberalização” da política, da ciência, da sexualidade, da cultura, uma escravidão nova através dos grilhões do consumo. 

- Com produção crescente, a integração em gigantesco aparato. 

- Com a oferta multiplicada de mercadorias, o incremento dos desejos individuais do consumidor e a sua manipulação através de planejadores de novas necessidades e de aliciadores da propaganda. 

- Com o trânsito mais rápido, maior assanhamento do homem. 

- Com o aumento aperfeiçoado da medicina, incremento de doenças psíquicas, bem como uma vida mais longa, mas, muitas vezes, sem sentido. 

- Com o bem-estar a subir, mais gastos e desperdícios. 

- Com o domínio da natureza, a sua destruição. 

- Com aperfeiçoados meios de massa, funcionalização, abreviamento, empobrecimento da língua e doutrinação em grande estilo. 

- Com a crescente comunicação internacional, maior dependência das multinacionais (e logo também dos sindicatos). 

- Com a expansão da democracia, mais equiparação e controle social pela sociedade e pelos poderes constituídos. 

- Com o aprimoramento da técnica, a possibilidade de manipulação requintada (invadindo, eventualmente, até a área da genética). 

- Com a expansão da racionalidade no detalhe, o decréscimo do sentido para o todo. 

Toda essa lista demonstra apenas um mundo hominizado mas de forma alguma um mundo humanizado. Vemos produtividade todavia opressão; nos vemos crescimento e ao mesmo tempo destruição; vemos a mistura de ciência e superstição, alegria e miséria, vida e morte. Em suma, vemos um humanismo evolutivo, cuja consequência não desejada, mas real, é a desumanização do homem. 

Sendo assim, fica a dúvida: Por causa de uma ideologia devemos abandonar a esperança? Firmados numa razão incerta, devemos negar o instinto religioso? Seria interessante acreditar numa ciência que critica a religião como sendo algo que nunca pensa no futuro, mas por causa desta ciência, passamos a acreditar num futuro que, já de antemão, vemos que vai ser desumano? Por que trocar a religião que é chamada de “desumana” por uma ciência que também, a passos largos, se demonstra cada vez mais desumana ou hominizada? 



É importante perceber que a ciência diante de uma evolução tecnológica fica muito aquém daquilo que ela mesmo promete. Continua o desafio à humanidade de se tornar humana (agora sem a ciência e sem a religião?) mesmo se adequando à vontade da ciência e acreditando nas mentiras que a mesma apresenta. 


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