terça-feira, 16 de abril de 2013

Entre nostalgia e reformismo

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.


Vivemos uma época que até mesmo um historiador compromissado tem dificuldades de definir a mesma. A dificuldade não está somente em dizer o que acontecerá amanhã como também dizer o que é hoje. A contemporaneidade oferece grandes dificuldades de posicionamento para diversas áreas científicas atuais. Nas palavras de Golo Mann: 

vivemos numa época que se aplica o serrote aos galhos nos quais estamos aboletados. Poetas contra a poesia, filósofos contra a filosofia, teólogos contra a teologia, artistas contra a arte e assim historiadores ou ex historiadores ou sociólogos contra o ensino da história. 
 O mundo atual é totalmente tecnocrático e de evolução e revoluções aceleradas, as quais trazem para os contemporâneos a nostalgia devido à moda não mais existir como algo duradouro como era na década de 20 (séc. XX). Esta mesma nostalgia dita regras dentre as quais a luta pela melhora da atualidade já não mais deve ser objetivo do homem. 

Ainda sobre moda vale lembrar que foi na década de 70 os jornais Time e dër Spiegel relatavam o quanto que a moda trazia lucro para seus usuários. Sendo assim, numa época em que a moda já não mais era tão focada agora passa a ser reinventada a partir daquilo que um dia foi atual. Modas criadas sobre modas passam a ser o marco da década de 70 e 80. E nos dias atuais temos, no Brasil, a atualização da moda de forma idêntica de 40 anos atrás, como é o caso da música brega, do renascimento da cultura negra, retorno de símbolos antigos agora com novos ideais. 

Mas há um problema neste “retorno” à moda: Muitos, ao olharem para trás, não buscam uma reinvenção e releitura, mas tão somente uma adaptação nostálgica e nociva à sua época se abstendo dos estudos e críticas construtivas necessárias não só para sua época como também para a vida e sua extensão. Sendo assim, não seria interessante para o presente momento uma reflexão crítica e nãoromântica sobre o passado? Até onde não é nociva essa falta de interesse e comprometimento com a história que já se viveu? Até onde a nostalgia não atrapalha? Até quando a história será negada como objeto de reflexão para uma melhor construção de futuro e continuará sendo apenas algo passado e que não se volta mais? 

O uso da história como material construtivo e orientador não deveria vir como substituição de uma filosofia, meta ou religião, mas que sirva de subsídio orientador. Nas palavras de Weber “trabalhar concisa e vagarosamente em duro madeiro, com paixão e critério, ao mesmo tempo”. O que se sabe, até então, é que mais vale lutar por uma reforma do que se manter como conservador ou como saudosista. Os reformadores têm mais chance de transformar a sociedade, afinal, algo deve ser feito. Mas o quê? 

Sabe-se que algo deve ser feito já que a vida não pára. Mas não basta apenas pesquisas criativas, argumentações importantes e/ou elucidativas, escolas experimentais, dinâmicas de grupo e nem ideias inovadoras a respeito da interação humana. Repito: Algo deve ser feito. Entretanto não há como fugir da pergunta: Algo de bom pode vir do homem uma vez que sua natureza apresenta-se louca e cruel, tanto no atacado quanto no varejo, coisas no qual o homem se revelou especialista? Será que ao menos o homem possui dentro de si algo de bom para que, a partir disso, sua natureza seja digna de crédito? 

Volta-se então para a estaca zero com uma coisa em mente: A razoabilidade associada ao equilíbrio de medidas deve focar a melhoria sem extremismos. Sem ditador; sem medidas generalizadas. Mas isto é anulado quando se percebe qual é a grande mola propulsora do mundo, a saber, o egoísmo, o qual é a expressão teórica e prática do autointeresse que anula antes mesmo da criação qualquer nobre norma moral destacando os interesses de um lado, enquanto o outro lado busca equilíbrio por meio de medidas práticas. Assim, o velho egoísmo, atitude humana de tradição, sempre busca lucro no sentido mais vasto possível. 

Portanto, o que se vê é a necessidade de mudança do próprio homem, coisa que não foi vista na tomada da iniciativa pelos humanistas. Foram vistas diversas alterações na sociedade todavia quase nada no próprio homem e na sua essência. E se a esperança, que motivava não só a religião, mas também os humanistas, ainda existe, não seria agora o momento de continuar ainda mais firme a caminhada? E se é para continuar, como então fazê-lo? 


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