terça-feira, 19 de abril de 2011

O garotinho e a Páscoa

Por Carlos Chagas

Quando era garoto jamais me perguntava sobre a fé que eu tinha, apenas não questionava e seguia aquilo que me era imposto. Com o passar do tempo passei a ser seletivo com aquilo que cria e isso me causou uma crise existencial tamanha que até em suicídio eu pensei. Todavia, apesar de ainda novo (20-22 anos) ainda continuei a insistir bo que realmente devo crer até vir a compreensão e, após isso, minha conversão a Cristo. Até aos dias de hoje ainda me questiono sobre muita coisa, até mais do que eu questionava quando mais novo. Entretanto adquiri maior maturidade para isso, tendo o pder desde então para respeitar a verdade, a curiosidade e sanar as dúvidas com o auxília da intelectualidade, da fé, da esperança, da humildade e acima de tudo através do amor a Cristo e ao meu semelhante.

Acredito piamente que o processo de conversão no qual passei não é muito diferente para todas as demais pessoas. Acredito que o ser humano deve vencer os limites proferidos pela instituição ou organização religiosa da qual participa para que realmente tenha sua conversão a Cristo. Acredito que a conversão é algo pessoal e não de grupo. E é por isso que me preocupo. Preocupo-me com o fato da preguiça espiritual, ou seja, de muitos acreditarem em algo porque simplesmente "todos" acreditam. Depositam ali sua fé sem ao menos pensar o que realmente aquilo significa para sua vida, ou se pelo menos aquilo tem um significado.

Está chegando a Páscoa (dia 22 de Abril - 2011), dia no qual os cristãos católicos comemoram a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. Após o Natal esta data é, para muitos, a mais importante para a fé católica, porém pouco conhecida e questionada por muitos católicos.

Dias atrás recebi um email interessante, no qual uma criança questiona seus pais sobre o que conhece sobre a Páscoa. O poema é de Luiz Fernando Veríssimo. Acompanhe:

-Papai, o que é Páscoa?
 
-Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
-Igual ao Natal?
-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressureição.
 -Ressurreição?
 -É, ressurreição. Marta , vem cá!
 -Sim?
-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
 -Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
 -Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
 -O que é isso menino?
Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo  menos aos domingos.  Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe!  Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?

-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

-O Espírito Santo também é Deus?

-É sim.

-E Minas Gerais?

-Sacrilégio!!!

-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?

-Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
 -Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
 -Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos..
 -Coelho bota ovo?
 -Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
 - Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
 -Era... era melhor,sim.. . ou então urubu.

-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?

-Que dia ele morreu?

-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
 -Que dia e que mês?

- (???)
Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressucitou três dias depois, no Sabado de Aleluia.
 -Um dia depois!

-Não três dias depois.
 -Então morreu na Quarta-feira.
 -Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde!
 Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
 -Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
 -É que hoje é Sabado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
 -O Judas traiu Jesus no Sábado?

-Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!

-Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
 -Ui...
 -Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
 -Cristo. Jesus Cristo.

-Só?
 -Que eu saiba sim, por quê?

-Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
-Ai coitada!
 -Coitada de quem?

-Da sua professora de catecismo!

(Luiz Fernando Veríssimo)

 Não é só datas tipo Páscoa ou Natal que me preocupam, mas tudo aquilo que temos como bagagem de fé que não é repensado e posto em prática. Ques este artigo faça-o repensar sua fé, seja você cristão católico, evangélico ou de qualquer outra religião. Repense a fé. Quetione-se sempre.

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