terça-feira, 13 de abril de 2010

O problema do Mal: Reflexão sobre a iminente realidade

Por Carlos Chagas

Durante séculos a pergunta "o que é o mal?" nunca foi respondida de forma precisa. E não vai ser neste artigo que ela será respondida. Todavia, é de extrema relevância levantar aqui essa pergunta para que muitos, os quais nunca pensam ser efetivamente o mal, possam refletir sobre esse tema e tirar conclusões pragmáticas para sua vida.

O mal sempre esteve presente na vida do homem. Para os cristãos desde a criação ele já estava lá. O fato é que, para Deus criar o homem livre, necessitava deixá-lo escolher, isto é, entre o bom e o ruim. Faz parte do livre-arbítrio. Até para quem acredita em predestinação deve aceitar que o mal faz parte da escolha do homem. Mas dúvidas nascem quanto a esse mal: Se Deus criou tudo e Ele próprio diz que isso tudo é bom, o mal também estaria na lista, logo, Deus criou o mal e por isso, Deus não é sumariamente bom. Diante dessa crise intelectual Agostinho de Hipona, bispo católico de cunho platônico da transição do período antigo para o medieval, estudou com afinco essa questão. Em seu livro Confissões, Agostinho descreve que o mal é a ausência do bem. Para ele, o mal é a falta de Deus e o castigo do mesmo.1

Parecido com Agostinho, Platão, filósofo da era clássica, dizia que o mal, a rigor, não existe. Para ele o mal é a ausência do ser. Epicuro, fundador do Epicurismo, também chegou à dúvida comentada acima: "Se existe um Deus bom, e Ele criou tudo, como pode haver mal no mundo?" Para o maniqueísmo, religião filosófica da qual Agostinho já havia participado, o mal é tão poderoso e eterno quanto o bem.

Para Leibniz, filósofo da era moderna, o mal é necessário para o homem, uma vez que para Leibniz um mundo só é perfeito quando se tem atividade. Logo, este mundo é o mais perfeito mundo porque ele ainda é imperfeito, devido o mal está instalado, o que faz com que o homem trabalhe lutando contra o mal. Para Leibniz um mundo perfeito (sem o mal) torna-se imperfeito.2 Para outros como Nietzsche, filólogo e filósofo do fim do século XIX, o mal é a necessidade do homem pelo poder. O homem sonha em ser poderoso e isso é a origem do mal.3 Talvez Nietzsche tenha sido influenciado pelo pensamento iluminista, anterior à sua época, o qual era defendido por um grupo de sábios que afirmava o mal como conseqüência de uma estrutura social tirânica.4

No filme Julgamento de Nuremberg, com o ator Alec Baldwin, um soldado e psicólogo norte-americano mencional o mal como ausência de empatia. Pensando o mal historicamente se vê o estudo do mal a partir do "eu", do particular para o geral. Contudo a proposta de Jesus em seu Evangelho é ao contrário: Pensar o mal a partir do outro. Um exemplo que gosto de citar nos dias de hoje: Eu perco R$50,00 na rua. O pensamento sobre o mal adquirido através da história me diz que isso foi ruim e mal para mim. Saí prejudicado. Mas pensando no lado de alguém que achou aquele dinheiro isso foi o bem para ele (há quem diz que perdeu por causa do diabo e achou por causa de Deus. Ora: Deus é o Diabo e vice-versa?).

O que está proposto aqui neste artigo é pensar o mal não somente como a história o apresentou, mas como o Evangelho incentiva. Às vezes o que dizem ser o mal pode até mesmo ser o bem e vice-versa. Para matar alguém após um crime deve-se pensar se aquilo realmente é um bem, ou quem sabe um mal. Que o mal não seja pensado de dentro do "eu" para os demais, mas dos demais para o "eu", do "eu" para os demais e de todos para Deus.

 REFERÊNCIAS CITADAS

1- Cf. AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus, 2002.
2- Cf. http://www.filosofos.com.br/tema_mal.htm
3- Cf. LEFRANC, Jean. Compreender Nietzsche. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
4- Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bem_%28filosofia%29

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